setembro 29, 2009

NÓS POR CÁ...


...andamos ao ritmo que as duas pequeninas permitem. Tudo gira um pouco à volta delas, e por incrível que pareça, quem manda nesta casa são os dois elementos mais novos - uma de 4 anos e outra de 4 meses!
Esquece lá a velha máxima de serem os mais velhos a comandar o barco, isso era no meu tempo de miúda em que as crianças não apitavam nada e ao mínimo sinal de autoridade dos pais, baixávamos a bolinha que era uma alegria - hoje em dia, quem não apita nada são os pais. É caso pra dizer: CARREGA PACHECO!

Bom, mas voltando à vaca fria, nós cá por casa vivemos em função destas duas meninas, esquece lá não fazer jantar porque hoje não apetece jantar, (a mais velha tem de jantar todos os dias à horinha certa) esquece lá dar uma saídinha depois de jantar (a mais nova tem que tomar o banhinho e beber o leite à hora dela, senão a noite vai ser complicada); esquece lá ver as notícias ou qualquer outro programa na televisão, sei lá, enquanto se janta (a mais velha mantém a ditadura do Canal Panda até se deitar); esquece lá, esquece lá...
Quer dizer, não é que me esteja a queixar, já cheguei à conclusão que as coisas são assim porque nós também as "fizemos" assim, mas já sabia bem gozar uns tempos de anarquia da pura e da dura. Ou seja: quando chega aquela hora em que apetece tudo menos fazer o jantar, efectivamente, não fazer jantar! Deitar no sofá e esperar que o jantar se faça a si próprio - era giro, não era? Era lindo!
Os dias também não são fáceis. Ora vejamos, começar o dia cedinho, apesar de me ter deitado tarde e de por vezes, ter de me levantar 3 e 4 vezes de madrugada uma para dar leitinho à mais pequenita outras tantas para acompanhar a mais velha de volta à cama, quando ela vem ter ao meu quarto porque acordou e decidiu que não lhe apetece dormir na cama dela.
Depois de despachar a mais velha (vesti-la e dar-lhe o pequeno almoço) é dar leite à mais nova que, invariavelmente, não quer comer e portanto eu fico logo de cabeça perdida, logo assim pela fresquinha!
Depois (já toda apanhadinha da dor nas costas e na costela que me fracturaram na cesariana da Sofia), lá fico eu, literalmente, com a "menina nas mãos".
Um fenómeno do Entroncamento acontece: ela não dorme durante o dia mais do que meia horita, uma horita, tops! Quando o pai está em casa (estilo quando fica a trabalhar de casa ou ao fdsemana quando estamos todos) a miúda às vezes dorme 3 horas seguidas!
Lá está! Tenho que ver se pergunto ao Oráculo de Bellini se isto é alguma conspiração contra mim.
Bom, mas continuando... num instantinho chega a hora de almoço que eu passo ao largo até porque o tempo para comer é pouco ou nenhum e também porque dispenso o prazer supremo de ter de cozinhar), e pouco depois chega a minha Helena que me ajuda aqui com a lida da casa.
Ás 16:00 é começar a preparar para ir buscar a Luisinha à escola e como agora ela já não está numa escola a walking distance, toca de meter a mais nova no ovo, descer até à garagem, tirar o ovo do carrinho, meter no banco da frente, pôr o cinto ao ovo, guardar o chassi no porta bagagem, arrancar para a escola, conduzir 5 minutos, estacionar quase no meio da estrada porque não há lugar para estacionar ao pé desta bendita escola, tirar o chassi do porta bagagem, montar o chassi, tirar o ovo com a miúda do carro, (entretanto, o calor é insuportável e eu suo em bica), olhar pelo canto do olho a ver se não sou atropelada e não têm que me ir apanhar o baço uns metros à frente e desço para o portão da escola, que ESTÁ ABERTO!!! Adoro!
Entro com a cadeira da miúda, abro a porta de entrada para as salas a muito sacrifício, com o rabo e descubro que afinal ela está no recreio. Saio, vou buscá-la, ela salta para o meu colo (Oh dor de costas mai boa!!), troco umas palavras breves com a educadora, não dá para mais, porque eu acho que ela, como só tem 3 dentes e 2 deles estão podres, evita falar muito; vou buscar a mochila lá dentro, saio com elas, meto a mais velha no carro, aperto-lhe o cinto, a mais nova fica na cadeira à espera da vez dela, ao apertar o cinto da mais velha (com uma perna dentro do carro e outra cá fora, vem uma brisa e levanta-me o vestido... estou à beira da estrada, ok? O rabo fica ao léu para quem quiser ver e para quem não quiser ver também - perfeito! Baixo o vestido, tiro o ovo do chassi, meto o ovo no banco da frente, coloco o cinto, dobro o chassi, meto dentro do porta bagagens, guardo a mochila da mais velha, sento-me no meu lugar e arranco para casa. 5 minutos de caminho, chego à garagem, estaciono, saio do carro, desaperto o cinto da mais velha, ajudo-a a sair do carro, tiro o chassi do porta bagagens (que se ainda não disse, digo agora que deve pesar para aí uns 8 kilos), desaperto o cinto da mais nova, tiro o ovo (que se ainda não disse, digo agora que deve pesar os quase 7 kilos dela mais 2 ou 3 do próprio do ovo, portanto 10 kilitos ao todo), ponho no chassi, fecho todas as portas e ao fechar a minha, porque estou realmente muito repousada e relaxada, mando uma pantufada com o ombro na quina da porta... rumo aos elevadores, digo muitas asneiras para dentro, algumas delas na língua oficial do SriLanka.
Chego a casa, já morta morrida, e a mais velha, qua ainda está a acabar de pôr o pé direito no hall de entrada, diz: "Mãe, quero um iogurte de chocolate".
A mais nova, choraminga por causa do calor que deve estar no ovo e eu só me apetece é mandar-me pró chão e espumar da boca durante para aí 3 quartos de hora!
Dou o leite à mais nova, dou o iogurte de chocolate e um de morango à mais velha, começo a pensar naquilo que vou fazer para o jantar quando todo o meu corpo me pede para deitar na caminha ou sentar no sofázinho. Faço o jantar, a mais velha pede incessantemente que eu brinque com ela, eu não posso e muito sinceramente... não me sinto com forças para. Dói-me a consciência, mas o jantar está por fazer.
Chega a noite, a mais velha só dorme comigo a acompanhá-la. Antes de deitar há todo um ritual a ser cumprido. A saber:
- Administração dos medicamentos contra as alergias,
- Lavagem dos dentes
- Sprays nasais e pastilha cor-de-rosa
- Abrir cama, deitar na cama
- Cantar duas músicas de embalar (quando não são mais)
Durmo, há 3 meses o primeiro sono em 30 cms de cama, ao lado da mais velha. Acordo (com uma tabuleta nas costas que diz: Aqui, em tempos, existiram umas costas) e vou para a minha cama.
Resta-me, no entanto, o consolo de pensar que... AMANHÃ, tudo se repetirá!
E no meio disto tudo vem-me à cabeça uma frase que li de relance num livro que estava num escaparate duma qualquer livraria: A Maternidade não é para mariquinhas!
De facto!

1 comentário:

Cátia Rafael disse...

Hi Sis....

Muito bem, estou a ver que tem uma queda natural para a escrita, qual Sveva Casati Modignani...

Beijinhos,
Sis Cátia