agosto 23, 2016

E as férias já foram de férias. Até para o ano!

E pronto, já passou aquele período que andamos o ano inteiro a suspirar por. Os 15 dias mágicos que antecipamos durante quase 365 dias e sobre os quais fantasiamos dia e noite, noite e dia.
Todos os anos tenho o mesmo pensamento: será que para o ano ainda vou estar por cá para ir de férias novamente? E, estando por cá, será que estou bem? Depois chegam as férias, chega o querido mês de Julho ou o querido mês de Agosto, e eu cá continuo. Se estou bem, não sei, acho sinceramente que de ano para ano, estando a ficar mais velha, também estou a ficar pior, porque bom, bom era manter os meus 12 aninhos e tudo o que os 12 aninhos têm de bom. No entanto, os anos passam e por mais que me custe, a idade também passa e eu já não tenho vontade de mandar bombas para a piscina, já não consigo passar horas dentro de água, já não faço croquetes humanos e até as minhas famosas corridas de conquilhas este ano ficaram esquecidas. Foi o 1º ano que não fiz uma única corrida de conquilhas e isso preocupa-me, porque eu sou a inventora das corridas de conquilhas!!
Quando é que deixamos de ter vontade de fazer essas coisas? Há algum momento em que muda o turno e se perde aqui alguma coisa? Gostava de perceber o exacto momento em que vamos perdendo ou capacidades ou talentos ou vontade de fazer as coisas e agir logo naquele momento. Hoje, por exemplo, detecto que estou a perder a vontade de ser um croquete humano na praia. Poder agir no momento exacto em que esse talento se começa a esvair era para lá de fixe. Era desatar a correr para a praia mais próxima, correr para o mar e depois enrolar-me na areia até formar um belo croquete pronto a entrar na fritadeira. E fazer isto muitas vezes, até a barrinha "desejo de fazer croquetes humanos" ficar outra vez cheia. Pensando bem, isto até podia ser uma bela analogia para a vida em si. Mal a malta visse que a vida estava a começar a correr mal, fazia, por exemplo, dois flic flacs à rectaguarda a acabar em espargata frontal, seguida de uma rodada e pino só com o dedo mindinho e pumba, a barrinha "vida a correr bem" ficava cheia outra vez. Isso é que era!!!
O problema é que nem todos sabemos fazer flic flacs e rodadas só com uma mão, e pinos só com o dedo mindinho e aqueles que sabem safam-se e aqueles que não sabem,, pois, não se safam. O mesmo se aplica às bombas para a piscina e aos croquetes humanos e às corridas de conquilhas... não há quem largue a correr para uma praia, deixando o pc deslocado, e se vá esfregar toda num areal, isso não faz parte do que nos ensinaram a fazer e do que estamos programados para fazer. Mas olhem, sabem uma coisa? Eu penso nisso TODAS as horas que passo sentada à frente do pc e tenho uma pena desgraçada de ter perdido a vontade e a coragem de o fazer. Por esta razão é que aquele período que andamos o ano inteiro a suspirar por, os 15 dias mágicos que antecipamos durante quase 365 dias e sobre os quais fantasiamos dia e noite, noite e dia, quando chegam, dão-nos momentos de prazer, sim, mas também nos mostram que já não somos capazes de nos enterrar na areia até à cabeça porque enchemos o fato de banho de areia que depois não sai, já não passamos o dia inteiro na água até ficarmos todos encarquilhados, já não achamos a água óptima quando está a 10º, e às vezes até já vamos de sandálias de borracha para a água para não sermos picados pelo peixe aranha.
Quando era miúda, fiz muitas vezes campismo selvagem. Cheguei a ter as orelhas descoladas da cabeça porque o bicho do restolho foi mordendo as orelhas na parte em que estão pegadas à cabeça, até ficar tudo em ferida, dando a impressão que podiam mesmo cair a qualquer momento. Andei na praia com queimaduras do sol nos ombros que formavam bolhas gigantes e que me doíam pra xuxu e eu, com o orelhame ao pendurão e cor de rosa que nem um leitão da bairrada tinha uma única preocupação: queria ir para a praia, passar lá o dia inteiro, apanhar conquilhas, construir fortalezas na areia  quando a maré começava a encher, comer bolas de berlim com creme, mesmo que depois andasse dois dias a vomitar com gastroenterite e basicamente, apodrecer na água.
Há algum exercício que possamos fazer para voltar a encher a barrinha "viver como se fosse o último dia da minha vida"?
Tá a valer uma foto minha com os coiratos todos roídos para quem souber.