Pergunta: O que é
que faz uma mãe quando a sua filha de 7 anos lhe diz que, repetidamente,
uma das suas colegas lhe bate, lhe grita, lhe dá ordens (do género: “vai deitar
o meu copo de iogurte para o lixo”), e é claramente perseguidora?
Resposta: Certifica-se primeiro que a sua filha não faz o mesmo aos seus colegas, nem à menina que lhe faz estas
coisas. Depois de se certificar que as agressões são unilaterais, vai falar com
a Professora para que o caso seja resolvido em sala de aula (já que se trata de
uma colega de turma) e, verificando que se mantêm as agressões, fala com a
criança.
E foi o que fiz
ontem. Falei com uma menina de 7 anos que tem vindo a aterrorizar a minha filha de 7 anos, sendo que, a
minha filha de 7 anos, foi educada para não bater, não gritar, não destratar
ninguém, e ser amiga do seu amigo. Como tal, a Luísa tem apanhado e calado. E
eu fico FURIOSA! Fico furiosa que a escola não resolva (vulgo a Professora),
fico furiosa por a Luísa não se saber defender (vulgo responder na mesma moeda –
leva – dá), fico furiosa que tenha que ser eu a falar com a miúda e que tenha
visto a minha filha em pânico absoluto quando lhe disse que ia falar com a menina
que lhe bate, que lhe grita, que aponta o nome dela em “listas” que ela própria cria com sugestivos nomes, como: “Lista de quem se mete nas conversas”, “Lista de
quem se porta mal”, etc.
Listas? Listas? Com 7 anos aponta o nome dos colegas em listas??
Com 7 anos dá ordens aos colegas para que façam coisas que deve ser ela a fazer?
Não! Não se pode deixar passar em branco estas coisas!
Ontem quando
cheguei à escola para ir buscar as minhas filhas, a primeira coisa que a Luísa
me disse, foi: “Mãe, a xxx deu-me um pontapé no rabo!”
Perguntei-lhe: “E
tu o que é que fizeste, Luisinha?”
“Disse-lhe: Oh
xxx eu não vou permitir que voltes a fazer isso!”
Claro que fiquei
lívida! Qual é a mãe que não fica? Que necessidade há de bater? Quantas alternativas
há antes de se chegar à agressão física? E terá sido uma coisa tão grave o que
a Luisinha fez, que merecia logo um pontapé no rabo?
Não, não foi! Claro
que não foi! E mesmo que tivesse sido! Eu eduquei a minha filha a não bater, a
não ser que alguém lhe bata primeiro e mesmo assim, ela (como pude constatar)
não o faz!
Pensamos nós que
preferimos pagar (com muito sacrifício, garanto-vos) um colégio particular para, de alguma
forma, garantirmos um ambiente (atrevo-me a dizer) mais “calmo” e “controlado”
e ao invés disso temos uma criança apavorada porque há uma menina que não sabe
aceitar um não? (ao que parece a Luisinha recusou-se a fazer alguma coisa que
esta menina queria, tendo optado por lhe bater).
É isto que
recebemos? Então, assim não quero, obrigada!
Não quero!
Hoje, quando a deixei
na escola saí de lá com o coração apertado, porque sei que ela hoje vai ouvir
coisas do género “És uma queixinhas”, ou “És uma mariquinhas” e a Luísa (que
vai ter que aprender com isto, eu sei) vai sentir-se mal e vai acreditar quando
ela lhe disser “não sou eu que te bate, é a xxx, só que tu não vês e eu é que
fico mal vista”, como aconteceu na primeira vez que lhe bateu e se justificou
desta forma.
Ontem, quando
falei com a menina em causa, falei com cuidado e empreguei tudo aquilo que sei
sobre pedagogia e bom senso. Apesar da minha revolta, nunca me esqueci, no meio
deste processo todo, que se trata de uma criança e como tal, merece e merecerá
sempre, ser tratada com carinho, mesmo que não trate os outros da mesma forma. Sou
uma adulta, e tenho a obrigação moral de perceber que as crianças são por vezes
o reflexo daquilo que vêem em casa e se em casa as coisas funcionam mal, então
funcionarão mal para elas também.
Falei com ela,
não de forma intimidatória, pelo contrário, falei com ela de forma conciliadora
e (tentei) de forma construtiva e pedagógica.
Espero que as
coisas apazigúem e que os episódios de agressões parem de uma vez. Não há
nada que magoe mais uma mãe do que ver os seus filhos ser mal tratados ou tratados com injustiça, quando eles não o fazem com ninguém.
Na vida há que relativizar, mas há coisas que não relativizo e o bem estar e a felicidade das minhas filhas são , sem qualquer dúvida, duas das coisas em que a palavra relativizar não entra.