dezembro 21, 2009

Um post nada Natalício...

Por norma, até me considero uma pessoa bem disposta. Acho que tenho algum humor, pelo menos, é o que dizem as pessoas que me estão mais próximas e mesmo aquelas menos próximas.
Habituei-me a ouvir desde muito cedo “Ai tu devias ter ido para o teatro”, “És tão engraçada”, “O Herman José se te conhecesse, contratava-te logo”… anos e anos a ouvir isto…
Mas o que poucos sabem é que sim, de facto, até acho que tenho alguma veia artística que me faz dizer umas larachas engraçadas, mas que lá no meu íntimo sou uma pessoa insegura, medrosa e temerosa do que possa acontecer a quem mais amo.
Isto poderia passar bem se eu fosse solteira, sem filhos, sem encargos e sem ambição. O pior é que tenho um marido e duas filhas que amo e ambições, sonhos, anseios e desejos.
E estas minhas características que tanto me deitam abaixo estão a influenciar a felicidade e o bem-estar daqueles que eu mais amo na minha vida.
Sinto que, com este pessimismo, este medo da desgraça e da doença, ando completamente desorientada, enervada, não durmo, vivo aterrorizada que algo aconteça às minhas filhas, ao meu marido… Não tenho receio por mim, não me preocupa a minha própria saúde, desde que vá tendo forças para tratar da minha casa e da minha família é tudo o que eu preciso, mas por aquelas 3 criaturas que vivem comigo, o medo de que algo lhes aconteça é avassalador.
É de tal maneira forte que me suga a energia que eu sei que tenho, que me arrasa ao ponto de ficar fisicamente exausta e sem reacção a nada. Sem paciência para a minha filha mais velha que precisa TANTO, mas tanto de mim neste momento. E eu não lhe estou a responder, eu não a estou a acompanhar como devia, pior: eu estou a fazer tudo ao contrário e mal!
Ontem à noite, a Luísa, que tem andado adoentada, com diarreias, vómitos, falta de apetite, há já duas semanas, preparava-se para se deitar. Como é praxe nestes últimos 6 meses, preparava-se para que eu fosse deitar-me com ela. Mas ontem, eu decidi que seria diferente. Já andamos (eu e o pai) há muito tempo para dar uma solução a esta situação. Não achamos que seja bom para ela esta necessidade imperativa de adormecer comigo. Pois bem, decidi que ontem eu não iria adormecer com ela e ela descontrolou-se por completo! Choro, gritos, e eu do outro lado aos gritos com ela e alguns açoites à mistura… resultado, levei-a de rojo para a cama e ela começou com um ataque de tosse que acabou com o jantar todo vomitado na cama…
A visão da minha menina a vomitar o jantar que eu tinha tido tanto trabalho para lhe dar, porque ela anda completamente sem apetite (uma menina que sempre comeu tão bem, até melhor do que eu), foi algo que me deixou completamente no chão. Não sei o que me apetecia fazer, não sei o que me passou pela cabeça naquele momento… Apetecia-me dizer-lhe que sim que ia dormir com ela para o resto da vida e que ela até podia portar-se mal todos os dias, todos os minutos da vida dela que eu nunca mais ia gritar, chatear-me com ela… eu sei lá o que é que pensei… queria pedir-lhe desculpa, queria fazer reset da minha pessoa e ser uma mãe melhor para ela, queria desaparecer…
Mas não… mudei os lençóis, mudei-lhe o pijama e deitei-a na cama. Sentei-me aos pés da cama e rezei… saí do quarto quando ela já dormia e hoje, ao escrever, choro, apetece-me ir ter com ela à escolinha, onde a deixei hoje de manhã e estar com ela, para a abraçar e dizer-lhe um milhão de vezes que a adoro que a amo, mais do que ela algum dia poderá imaginar.
Estou, com todas estas minhas “vicissitudes” de temperamento, a fazer um péssimo papel de mãe, de esposa, de dona de casa, de tudo. A Sofia não come, não ganha peso, não aumenta de tamanho, porque será? A Luísa tem dores nas pernas, nos bracitos, nas mãos, tem muitas diarreias, anda a vomitar, vai muitas vezes à casa de banho, - o que poderá ser? Será que as minhas meninas estão bem? Mas então porque é que a Luisinha anda sempre doente e a Sofia não bebe leite desde os 2 meses?
A minha cabeça carbura a 1000 à hora e sempre para o pior cenário. Venho trabalhar e tudo o que tenho para fazer, parece saído de um compêndio de Ciência Espacial. Tudo me parece difícil, desinteressante.
Há 6 meses atrás nasceu a Sofia que se veio juntar à minha Luisinha, com quem eu já era tão preocupada. Agora, sei que é dose dupla de preocupações, de inquietude e de tudo o resto que me tira o sono. Ser mãe tem tanto de bom, como de aterrorizador. É a constatação que a nossa vida, a nossa felicidade, o nosso bem estar é directamente proporcional ao bem estar, felicidade, saúde, alegria dos nossos filhos e que quando isso não acontece, andamos literalmente “no chão”.
É como me sinto hoje e como me tenho sentido nos últimos tempos. Tudo me tem passado pela cabeça, e tenho arranjado mil e um esquemas para fugir a esta minha tendência para o fatalismo, para o pessimismo, para a tristeza, melancolia mas a minha missão tem sido muito mal sucedida, eu diria mesmo que tem sido o falhanço total.
Resta-me continuar a tentar e tentar achar alegria de viver nas minhas filhas, no meu marido, na minha restante família e em tudo o que Deus me tem proporcionado na vida e que é MUITO.
Feliz Natal para todos!