janeiro 13, 2017

ROMA - Part IV

Hoje é dia de vos falar da visita ao Museu do Vaticano, mas como não consigo escrever sobre tudo o que vimos neste Museu, porque é, de facto, um local sublime, magnífico, extraordinário e mais uns quantos adjectivos que se lembrem, optei por vos falar, por agora, da Capela Sistina.
Para quem ainda não teve oportunidade de visitar esta maravilha, hoje deixo-vos aqui um pouco da sua história, o que podemos ver representado e também algumas curiosidades, as tais “estórias da história”, que para não variar, são mais que muitas. A importância histórica e artística da Capela Sistina é incomensurável e incomparável, porque além de ser o local onde se realiza o conclave, ela também  reúne  alguns dos maiores artistas do mundo ocidental.
A Capela Sistina é assim o paraíso dos amantes da arte. Fazendo a analogia com o amante de doces, é como o guloso que entra numa pastelaria e tem à sua disposição três montras de éclairs de chocolate, ducheses, pirâmides de chocolate, bolas de Berlim com creme, pastéis de nata, croissants do Careca rins e outros que tal. E foi como um grande guloso diante do maná que eu me senti quando entrei naquela que é a capela mais famosa da história. Para os admiradores e sobretudo para os futuros visitantes, espero que este texto vos deixe com mais vontade ainda de visitar e vos ajude a desfrutar da beleza e história  desta obra prima.

Para começo de conversa devo dizer que sempre imaginei a Capela Sistina como o nosso Mosteiro dos Jerónimos, em termos de dimensão. Mas não. A Capela Sistina, não sendo minúscula, porque não é, trata-se de uma capela, e as capelas, por norma, não são enormes, nem grandiosas, são locais de devoção de dimensões mais reduzidas. Não foi de forma alguma uma desilusão, porque é impossível alguém sentir-se desiludido quando ali entramos, foi antes uma surpresa.
Então, se tiverem um pouquinho de paciência, vamos lá a um pouco de história para percebermos as origens da Capela Sistina.  

A Capela Sistina faz parte do Palácio Apostólico, que é a residência oficial do Papa. O nome Capela Sistina vem do Papa Sisto IV que, entre os anos de 1477 e 1480, foi responsável pela restauração da Capela Magna. Desta capela foram utilizados os alicerces para a construção da Capela Sistina.
Uma vez construída, vários artistas – entre os quais Domenico Ghirlandaio, Pietro Perugino e Sandro Botticelli – deram início à pintura de diversos frescos (que podemos ver no nível médio da capela), que retratam episódios religiosos bem como retratos papais. Estes trabalhos ficaram concluídos em 1482 e, um ano depois, o Papa Sisto IV, numa missa, consagrou a Capela Sistina à Nossa Senhora da Assunção, denominação dada a Maria, mãe de Jesus.
Mas, uma das maravilhas da Capela Sistina é, como sabem, o seu teto, que foi pintado por Michelangelo. Anos depois da inauguração da Capela, em 1508, Michelangelo foi chamado a Roma pelo então papa Júlio II para esculpir o seu mausoléu, mas por ironia do destino, Michelangelo acabou por ser convidado a pintar o teto da Capela Sistina ao invés do trabalho que tinha sido inicialmente contratado.
Reza a história que Michelangelo teria aceite o trabalho contrariado, porque, como já vos disse no texto da Pietà, Michelangelo considerava-se um escultor e não um pintor. Michelangelo, achava que esta comenda de pintar o teto da Capela Sistina se tratava de uma manobra dos seus rivais para desviá-lo da obra para a qual havia sido chamado a Roma: o mausoléu do Papa. No entanto, dedicou-se à tarefa e fê-lo com tanta mestria que ofuscou o brilho das obras-primas que os seus antecessores já tinham pintado na Capela. Como referi anteriormente, a Capela já tinha frescos de artistas como Sandro Boticelli, Perugino, etc.
Michelangelo demorou quatro anos a pintar o teto da Capela e fê-lo com grande dificuldade, pois teve que trabalhar deitado em cima de um andaime de 16 metros de altura e pintar sobre a sua cabeça. Isto fazia com que a tinta pingasse para a sua cara e olhos, o dia todo. Para além disto, de tanto contorcer o corpo nos andaimes, Michelangelo ficou com reumatismo e escoliose. Diz-se que, terminado este trabalho, Michelangelo nunca mais conseguiu ler na posição normal de leitura tendo de ler, na posição com que pintou os frescos.
Terminada esta empreitada do teto da Capela Sistina, e no pontificado do papa Paulo III, Michelangelo é convidado a voltar à Capela Sistina para pintar, na parede atrás do altar, um fresco com o tema O Juízo Final. Esta pintura demorou por volta de 5 anos a ser feita.
O artista pagou um preço muito alto por estes anos de trabalho. A sua visão ficou irremediavelmente prejudicada. Michelangelo relatou que, quando, com apenas 37 anos, terminou os trabalhos no teto da Capela, “os seus amigos ficaram impressionados com o homem envelhecido que ele se tornara”.
Os frescos da Capela Sistina estão cheios de histórias mirabolantes, comecando logo pelo facto de Michelangelo odiar o Papa Júlio II, "O Terrível", que lhe encomendou esta obra, e de ter pintado estes frescos muito contra a sua vontade, (não se esqueçam que Michelangelo não  se considerava um pintor mas sim um escultor) tendo por isso, levado a cabo a sua pequena vingança, escondendo nas suas personagens mensagens esotéricas e críticas veladas à decadência da igreja. (mais à frente conto-vos uma história curiosa sobre esta animosidade). Embora o tenha feito com "elegância" codificando essas mesmas mensagens de forma a iludir a vigilância do papa e a evitar a sua própria morte, Michelangelo soube, com mestria imortalizar a sua revolta.
"Quando estará pronta a minha capela"?, perguntava Júlio II, ameaçando substituir Michelangelo, caso não desse conta do recado. "Quando eu puder", era a resposta do artista, mostrando claramente a sua falta de paciência, para além das dificuldades financeiras e problemas de saúde que o atormentavam. 
Apesar de tudo, Michelangelo Buonarroti dedicou-se realmente a este trabalho. Certa altura, em que estava a pintar um local escuro num canto do teto da Capela, com todo o afinco que lhe era conhecido, alguém lhe perguntou: “Porque te esforças tanto a pintar um canto escuro do teto, que possivelmente ninguém verá”, Michelangelo simplesmente respondeu: “Deus verá”. 

Então, um dia, quando forem visitar (ou revisitar) tenho a certeza que – para os que ainda não conheciam bem algumas curiosidades que vos contarei – facilmente identificarão os personagens e a visita tornar-se-á muito mais interessante, acreditem.
Vamos então começar pelo tecto.


O teto da capela Sistina tem nove painéis centrais que podem ser divididos em três  grupos de três painéis.  O primeiro grupo mostra Deus como criador, o segundo grupo mostra a história de Adão e Eva e o terceiro grupo conta a história  de Noé e também do dilúvio. Os painéis são :

1 - Deus separando a Luz das Trevas,

2 - Deus criando o Sol e a Lua,

3 - Deus separando a terra das águas

4 - A Criação de Adão
Existem teorias, que acho bastante credíveis, que dizem que Michelangelo, retratou nos frescos da Capela Sistina, orgãos do corpo humano ocultados nas suas personagens. A ser verdade, são centenas de imagens que de uma forma ou outra contém em si, reproduções fieis de órgãos do corpo humano, o que ainda acrescenta mais ao génio deste artista, que para além da mestria na pintura e escultura, detinha um conhecimento muitissimo profundo da anatomia humana.
Diz-se também que Michelangelo o fez, mostrando mais uma vez, a sua rebeldia, já que, esta representação do corpo humano iria contra o dogma da igreja católica.
Como exemplo, vejamos um dos frescos mais famosos do teto da Capela Sistina - A Criação de Adão.
Várias teorias apontam para que Michelangelo tenha representado neste fresco, um cérebro humano. Se olharmos para lá do "boneco" que nos é mostrado, podemos ver Deus representado dentro de um cérebro e com o seu toque a Adão, o artista representa o racionalismo mas de forma disfarçada.
Mais à frente no texto podemos ver mais um exemplo destas representações de orgãos humanos, na sibila de Cumas.


5 - A Criação de Eva

6 - O Pecado Original e A Expulsão do Paraíso

7 - O Sacrifício de Noé

8 - O Dilúvio Universal 

9 - Noé Embriagado com vinho
A titulo de curiosidade, quando visitarem a capela, olhem para este fresco e reparem que tem uma parte danificada. Mesmo depois de ter sido restaurada, deixaram este pedaço como esrava. Esta parte que falta foi provocada por uma explosão  de pólvora num deposito próximo  do Vaticano, em 1787 e que provocou a queda de parte do fresco.

Outro aspecto interessante destes frescos são os Ignudi. 
Em torno dos nove painéis existem 20 homens nus. Estas pinturas de homens nus incomodaram muitos papas e por pouco o teto não foi lavado e totalmente apagado. Em 1565, um ano após  a morte de Michelangelo, um pintor chamado Daniele da Volterra cobriu minimamente as pinturas para que não fossem destruídas.
Somente durante o pontificado de João Paulo II, é  que os restauradores foram autorizados a remover as folhas de figueira que Volterra usou para cobrir os homens nus. Por toda a capela foram removidas 17 pinturas de Volterra, enquanto que 23 não puderam ser removidas porque a sua remoção concerteza danificaria a obra original.
Estas pinturas mostram uma vez mais a mestria de Michelangelo para reproduzir a anatomia humana e na altura levantaram muitos boatos sobre a possível homossexualidade de Michelangelo.




Na região mais lateral do teto estão retratadas as Sibilas – mulheres da mitologia greco-romana, que possuíam poderes proféticos e que teriam anunciado a vinda de Cristo, 


A Sibila de Cumas é um dos exemplos onde podemos ver o código secreto que, alegadamente Michelangelo espalhou por muitas das suas personagens do teto da Capela Sistina, ao representar de forma "disfarçada" orgãos do corpo humano. 
No fresco da ninfa de Cumbas pode ver-se a fiel reprodução anatómica do saco pericárdio e dos grandes vasos sanguíneos. 
A bolsa pendurada pela alça com uma franja vermelha e que mostra um pouco de um rolo de papel corresponderá ao pericárdio e aos grandes vasos. A veia cava é representada pela alça da bolsa. A franja vermelha representa a borda do diafragma, inserida no pericárdio. 
Já a coxa e a perna direita da sibila chamam a atenção tanto pelo volume como pela cor vermelha iluminada e pela representação leiga de um coração. Também nesta cena, Michelangelo retratou, sob outra perspectiva, o coração com o saco pericárdio aberto.

Confusos? Eu também, mas ainda assim maravilhada com estas descobertas.





Também estão representados na região mais lateral do teto, os profetas do Velho testamento: Zacarias, Joel, Isaías, Ezequiel, Daniel, Jeremias e Jonas.

Zacarias




























O profeta Zacarias foi pintado com as feições do Papa Júlio II. Esta pintura mostra o Papa a ser "insultado" pelas costas por dois anjos - a garantia disso é que um deles faz uma figa com a mão direita, gesto esse que seria na época o equivalente ao nosso dedo médio em riste. 
Papa Júlio II
















Os Profetas

Joel
Isaias

Ezequiel

Daniel

Jeremias
Esta imagem de Jeremias, Profeta do antigo Testamento, poderá tratar-se de um auto retrato de Michelangelo. Ele aparece aqui como um homem de pensamentos profundos, e numa posição de dor amargurada. Mais do que uma vez, Michelangelo se autoretratou nestes frescos, sempre numa perspectiva que salientava o seu sofrimento e cansaço fruto certamente do cansaço e mazelas fisicas que esta obra lhe trouxe.

Jonas

Bom, mas nem só de teto vive a Capela Sistina. Outra das grandes atracções é o fresco O Juízo Final que se encontra na parede do altar da Capela.

Há tanta, mas tanta coisa para dizer sobre este fresco que, honestamente nem sei por onde começar!
Michelangelo inicia a pintura d' O Juízo Final (Il Giudizio Universale)  por volta de 1536 concluindo este projecto em 1541, a pedido do Papa Paulo III. Quando o artista retornou à Capela Sistina para pintar esta obra, tinha quase 60 anos.
O Juízo Final é composto por cenas religiosas e mitológicas e tudo gira em redor da figura de Cristo.
Diz-se que este Cristo, foi inspirado na escultura Apolo de Belvedere, que representa o Deus grego Apolo e que também se encontra no Museu do Vaticano.
O Juízo Final demorou 5 anos a ser feito, vinte anos depois do artista ter pintado o teto da mesma Capela. A obra é majestosa, com 13,7 metros de largura por 12,2 de altura, aproveita toda a parede que fica atrás do altar e descreve a segunda vinda de Cristo e o juízo final, como narrado na Bíblia. As almas dos seres humanos ascendem ao Paraíso ou descem ao Inferno, dependendo de como são julgadas por um Cristo cercado se santos importantes, como Pedro, Catarina de Alexandria, Lourenço, Bartolomeu, Paulo e João Baptista.

A obra está  organizada sa seguinte forma:
- Dois trechos superiores que pertencem à ordem celestial (onde se concentra o maior número de figuras)

- Dois trechos inferiores que pertencem ao mundo terreno e ao inferno (e que são inspirados n'A Divina Comédia, de Dante Aligheri)

Este fresco aglomera cerca de 400 personagens, entre santos, apóstolos, mártires, virgens, anjos, homens... enfim, uma paleta imensa de figuras.
Estas personagens estão representadas em diferentes tamanhos, de acordo com a importância de cada uma, sendo que as maiores são as que representam a ordem celestial.
O grupo central, onde podemos ver Cristo, é o que apresenta maior escala, naturalmente.
Michelangelo dispôs as figuras da seguinte maneira:

- Na parte superior da parede - Cristo, a Virgem e dois grupos de santos e de mártires
- Ao centro - os anjos com trombetas e dois grupos de eleitos, subindo aos céus, enquanto os condenados são lançados ao inferno

- No alto da composição - os anjos com os símbolos da paixão (vão subindo até à imagem para irem seguindo esta descrição)

Na base do fresco encontram-se:
- à esquerda - a ressureição da carne
- ao centro - a boca do inferno
- à direita - Caronte atravessando os condenados na sua barca, em direcção a Minos e outros demónios (Caronte é o barqueiro de Hades, que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Estige e Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos do mundo dos mortos).

S.Pedro devolvendo as chaves a Cristo
Na parte superior, Jesus Cristo, figura central da composição, que nos é apresentado num nicho de luz dourada, está sentado acompanhado pela Virgem e rodeado pelos doze apóstolos, João Baptista, anjos, eleitos e santos. Os últimos são identificáveis pelos atributos que carregam ou, se preferirem pelos instrumentos de tortura que os mataram: S. Pedro devolve as chaves a Cristo, S. Paulo com o seu semblante grave a a barba branca, S,Sebastião com as flechas na mão; Santa Catarina com a roda de facas; Sto. André com a cruz em forma de "X"; S. Lourenço com a grelha do seu martírio e S. Bartolomeu com um escalpelo na mão direita e uma pele humana na mão esquerda.

S. Bartolomeu
Neste último santo, Michelangelo mais uma vez se autoretrata na pele que S. Bartolomeu segura, fazendo uma vez mais referência ao despojo humano em que se encontrava.
Diz-se também que S.Bartolomeu terá sido pintado com as feições do Papa Paulo II numa alusão ao facto de este Papa ter tido sempre uma atitude tirânica para com o artista.

Santa Catarina em 1º plano.


S. Sebastião segura uma escada que simboliza a grelha onde foi queimado vivo.
Acima de Jesus Cristo e do seu grupo, estão anjos que carregam os atributos da sua paixão: a cruz, a coroa de espinhos, os cravos e a coluna de flagelação. Jesus Cristo é o centro temático e simbólico da cena e também o centro da obra, obviamente. 
Neste fresco, Jesus Cristo, é retratado de forma diferente do que normalmente é. Aqui está sem barba, tem o cabelo curto e apresenta um corpo atlético, quase nu, como um Deus Greco-Romano, envolto apenas por um manto que lhe cobre as costas e a genitália. Tal como referido atrás, esta representação de Cristo teve inspiração na escultura de Apolo de Belvedere, um deus grego.
Jesus é uma figura musculosa, é o grande juiz cujo trono é feito de nuvens. A sua cabeça e mão direita, assim como o seu olhar estão voltados para o grupo de santos que se encontra à sua esquerda. Nos seus pés e mãos ainda podemos ver as marcas da flagelação. A mão direita levantada acima da cabeça exprime autoridade e determinação, sinal de que chegou a hora de julgar os justos e os pecadores, de modo a que os primeiros ascendam aos céus e os segundos sigam para o inferno. Não se trata de um Cristo misericordioso, mas sim de um juiz terrível.
Os bons a serem puxados para o cèu
Por baixo de Cristo encontram-se os sete anjos do Apocalipse, que fazem soar as suas trombetas, anunciando a hora do Juízo Final para toda a humanidade. Um deles segura o livro da Vida e o outro, o Livro da Morte. à direita deles, os bons vão deixando os seus túmulos, puxados por outros anjos,
Uma destas personagens do grupo que vai para o inferno , com a mão no rosto, em atitude de horror, é puxado por demónios até à barca que o levará para o inferno, uma imagem, cheia de expressividade e emoção.


A Virgem Maria, bem menor que o seu Filho, está sentada à sua esquerda, em atitude de súplica, implorando-lhe clemência para com a humanidade, enquanto olha entristecida para o mundo terreno abaixo. No entanto, jesus Cristo não parece escutar as súplicas da sua mãe.

Todas as figuras flutuam no espaço sem gravidade, tendo por fundo um maravihoso céu de lápis-lazuli, com excepção das cenas da ressurreição da carne e as do inferno. Enquanto algumas pessoas ascendem ao céu, outras aterrorizadas, lutam para não serem empurradas para o inferno.

Este fresco também é conhecido por toda a polémica que causou, e pelos debates que desencadeou pelos críticos da Contra Reforma Católica (só para vos situar a Contra Reforma ou Reforma Católica tratou-se de um movimento que visava anular a Reforma Protestante iniciada por Lutero) e os que apreciavam a genialidade de Michelangelo. O artista foi acusado de ser insensível ao evento que estava a pintar, imprimindo-lhe um estilo muito pessoal e "inadequado". O Concílio de Trento criou inclusive decretos, expondo que tais manipulações de representações não eram permitidas e toda a arte que tivesse essas características era passível de censura e até destruição.
Uma das histórias mais pitorescas que envolve esta obra é a famosa imagem de Minos - o Juíz do Submundo que se encontra no canto inferior direito da pintura.
Biagio de Cesena, o Mestre de Cerimónias do Papa era um dos maiores críticos desta obra. Ele dizia que "era uma completa desgraça por expôr figuras despidas, provocando uma completa vergonha" e que não era obra para ficar numa capela e sim em"wc's públicos e tabernas".
Michelangelo, que já percebemos, não era propriamente o tipo de pessoa submissa mas antes um homem de personalidade muito forte, usou Minos para fazer uma representação de Cesena, pintando-o com orelhas de burro, nú e com uma cobra a morder-lhe os genitais 😂
Cesena reclamou junto do Papa, que brincou dizendo que "sua jurisdição não se estendia até o inferno e que por isso nada podia fazer", continuando assim, até aos dias de hoje a pintura na capela.

E pronto, amiguinhos, termino por aqui. Claro que havia mil e uma coisas mais a dizer sobre esta capela e também, claro, sobre o Museu do Vaticano onde ela está inserida. É uma visita que aconselho vivamente que façam (quem ainda não foi) e escolham a visita guiada, por favor, vão adorar. São aproximadamente 3 horas de visita e do Museu têm entrada directa para a Basílica de S.Pedro, sem terem que passar horas na fila para entrar.
Nós, como estávamos com as meninas e elas estavam francamente cansadas e com fome, optámos por visitar a Basílica num outro dia, mas recomendo que o façam no dia em que visitarem o Museu.

Ficou a faltar falar da Stanze di Raffaello, quatro salas seguidas de obras de Rafael onde podemos apreciar o famosíssimo quadro "A Escola de Atenas", entre outros.
Digo-vos, ver finalmente ao vivo "A Escola de Atenas" do meu primo Rafael 😏 foi mais uma vez, uma experiência única. Vale imenso a pena, é de facto uma obra magistral, mas pronto, lá estou eu a repetir-me!
Deixo-vos aqui uma foto da sala onde está esta obra para vos abrir o apetite - contem é com centenas de pessoas lá dentro, claro!

E se entretanto forem visitar Roma e, porventura, o que vos tenho vindo a escrever servir de alguma coisa, então já valeu a pena!

Grazie mille!!















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