novembro 13, 2015

30 dias sem açúcar - Day III

Nunca consegui compreender o dilema das pessoas que querem comer um doce (exceptuando naturalmente por questões de saúde graves ou não) e não podem, ou podem e não comem porque sabem que o magano do doce viaja à velocidade da luz, instalando-se na coxa mais próxima ou no glúteo mais distraído. Nunca senti na pele, nunca tive essa experiência.
Isto porque até ao dia de hoje sempre comi todos os doces que consegui abarcar (ou emborcar, como preferirem). A minha vida tem sido um “venham a mim, seus doces maravilhosos”, porque o açúcar entra neste organismo e o único efeito que tem em mim é aumentar a minha miopia, fazendo com que eu veja o doce sempre muito mais pequenino do que ele realmente é, provocando a necessidade de repetir o dito doce. Mas parece que a coisa não é bem assim, ao que parece o açúcar é mesmo um veneno para o pâncreas. Sucede que, fala-se em pâncreas e a Cristininha fica em sentido como se toda a vida tivesse andado na tropa de elite que lutou no Afeganistão e na guerra do Vietname e por isso , qualquer resquício de falta de força de vontade, desaparece e de gelatina passo a barra de ferro de motivação, firme e hirta!
Estes 30 dias sem açúcar, são, portanto, não para desaparecer, porque não tenho ambições de parecer o Luaty Beirão, mas sim para poupar o danado do pâncreas. É claro que, no processo, acaba-se por proteger e tratar melhor uma série de outros órgãos e por estabelecer uma rotina muito mais saudável que trará (eu quero acreditar) muitos benefícios a muitos outros níveis, nomeadamente ao nível do sistema nervoso central que, como bem sabem, é um sistema que em mim funciona muito mal, se é que funciona de todo. Penso mesmo que no lugar do meu sistema nervoso central está uma bandeirinha igual à que deixaram na Lua, a dizer, “Tás a brincar, não tás?”.
Mas em frente.
Hoje é o terceiro dia da minha dieta sem açúcar. Se é certo que durante o dia a coisa ainda se vai levando, com excepção da hora de almoço em que tenho de fechar os olhos quando passo na montra dos doces, onde moram taças luxuriantes de arroz doce cremoso, fatias de pudim de ovos, fatias de bolo de ananás e outras coisas muito horrorosas, o resto do dia, passa-se. Volta e meia levanto-me do meu lugar e finjo que vou à casa de banho fazer um xixi, e vou enfiar a cabeça na sanita, mas tirando isso, tudo légau. A verdadeira provação têm sido as noites – que ainda só vão em três mas que para mim parecem já as equivalentes aos degraus da Grande Muralha da China.
Ontem, por exemplo, andava em casa parecia uma pantera. As miúdas já deitadas, e eu parecia uma Nossa Senhora daquelas que muda de cor com o tempo, em dia de tempestade tropical!! Valha-me Deus! É duro, meus amigos, não vou dizer que não é duro, porque é duro. Solução? Fui-me enfiar na cama a jogar um jogo de rebentar bolhas e rebentei para ali bolhas como se não houvesse amanhã. Depois, já exausta, e como já via donuts em vez de bolhas, decidi baixar a almofada, deitar-me e dormir. Penso que sonhei com babás voadores mas não posso afiançar.
O pequeno-almoço de hoje foi igualmente uma experiência muito jeitosa. Comprei umas bolas de mistura que torrei e barrei com manteiga Becel Gold, acompanhadas de chá preto sem açúcar. Não me lembro muito bem se o que comi foi isso mesmo ou se foi a caixa de papelão onde veio a ração da cadela. Não me lembro, tenho de ver hoje à noite se a caixa está inteira ou se já lhe falta um bocado. No meio disto tudo, ainda não pareço 20 anos mais nova, e ainda por cima hoje tenho um torcicolo que valha-me Deus. Esta dieta está claramente a dar cabo de mim. Poupo o pâncreas mas eu entretanto faleço.
Tá feito o registo de hoje. Quando chegar a casa vou riscar mais um dia no calendário, como fazem os prisioneiros. No mínimo, espero que hoje eu tenha acertado na chave do Euromilhões. É o mínimo que se pode pedir pelo sacrifício que esta pessoa está a fazer!

(penso ter visto um unicórnio cor-de-rosa, a sorver um gelado da Haagen Dasz, ontem à noite no sofá da minha sala, mas pode ter sido impressão minha)

(também ainda não me encontro mais sensual)

(pqp)

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