novembro 11, 2015

30 dias sem açúcar - Day I

Pois bem, só para vos dizer que iniciei uma dieta sem açúcar. Não, não é para emagrecer que eu graças a Deus sou daquelas sortudas com um metabolismo Ferrari e portanto a gordura é coisa que não me assiste.
O que se passa é que eu sou moça que lê. E desgraçadamente, lê tudo o que lhe aparece à frente – livros, blogs, notícias, soft porn, artigos de opinião, case studies, papers de Harvard e frases inspiradoras dos pacotes de açúcar da Delta. 
"Em sendo assim", deparei-me, certo dia com o blog da mulher do Nuno Markl, a Ana Galvão e olha, filha, mais valia teres estado quieta e calada porque me causaste mossa, pá!
Então não é que agora, depois de ler o que escreveste sobre o açúcar e o mal que o pózinho branco faz, eu meti na cabeça que havia de fazer uma dieta sugar free, durante um mês inteiro?? UM MÊS!!!!
E agora? Como é que eu descalço esta bota?? Porque ainda por cima, fui-me informar mais e sucede que o fdp do açúcar está em TUDO!! Até no pão!!! Olha, badamerda para o teu artigo, Oh Galvão!! É que, só assim para começar esta conversa, ficam sabendo que eu sou açúcar dependente. Já desde miúda que sou uma gulosa de primeira e NUNCA me abstive de me encher de açúcar até quase ao estado comatoso! Caraças, pá, eu com 9, 10 anos chegava da escola e comia duas carcaças com manteiga e açúcar!! Sim, bem sei que isto foi nos anos oitenta e nos anos oitenta a malta até se podia drogar a partir dos 6 anos que “não fazia tão mal como hoje”, porque os anos 80, são aquele terreno sagrado, em que nada fazia mal e nós, as vacas sagradas, éramos, digamos, indestrutíveis.
Isto já para não falar nas gemadas que fazia, quase todos os dias, com um ovo e 5 ou 6 colheres bem aviadas de açúcar e que mandava para o bucho, toda consoladinha. Isto era a Cristininha criança e que, não tendo mantido estes hábitos malucos até ao dia de hoje os foi paulatinamente substituindo por outros que parecem mais soft mas que na realidade não são. Eu sou aquela rapariguinha que vai ao Califa e avia duas bolas de Berlim com creme ao lanche, sem sentir um pingo de remorso. Claro que acompanho com chá verde, que é para cortar, e com isso acalmo a minha consciência, que antes de começar a comer as bolas ainda existe mas que depois fica de tal maneira embriagada de tanto açúcar que desaparece numa névoa de fumo. 
Amigos, eu já cometi a proeza de ir a um restaurante almoçar e pedir como prato principal um brownie com gelado de baunilha. E só não repeti, olha, porque não calhou.
E é neste cenário que eu, feita estúpida, na Segunda feira, ao serão, dou um saltinho ao Facebook, vejo uma referência a este blog da Ana Galvão, onde ela conta como o açúcar é mau e coiso e tal e decido: vou fazer esta dieta dos 30 dias sem açúcar! BORA LÁ! VOU MUDAR DE VIDA!! BORAAAAAAAAAAAAAAA!!! Imediatamente a seguir a esta epifania sinto um ardor esquisito, uma espécie de calor na boca, como se a boca estivesse na praia e estivessem para aí uns 400 graus centigrados e vai que achei por bem, às 11 e tal da noite, ir ao congelador buscar uma embalagem de Chocolat Fudge Brownie da Ben&Jerrys e acabar com o bicho antes que ele acabasse comigo. Apercebi-me naquele momento logo após ter devorado o gelado (sem o qual eu certamente teria falecido), que a coisa não ia ser fácil.
Esta constatação, veio provar-se muito verdadeira, porque no dia a seguir (o dia I da minha dieta sem açúcar), estive todo o dia a penar até que, às 5 da tarde, em plena sintomatologia de privação de açúcar e ciente de que nada saciaria aquela fome senão um doce, levantei-me do meu lugar e fui comprar uma fatia dourada! Impunha-se comemorar esta minha decisão de fazer a dieta sem açúcar e que maneira melhor de comemorar senão com a ingestão de um doce que alia o açúcar à fritura. The perfect storm!
De modos que é isto. Hoje já vou no 2º dia e deixem-me que vos diga, que ao almoço, já recusei uma fatia de pudim de ovos, que eu simplesmente A-DO-RO. É certo que bebi um piqueno cálice de jurupiga a acompanhar com umas castanhas (não fazem mal, porque têm açúcar de absorção lenta) mas com a breca, hoje é dia de S.Martinho, e há que respeitar os Santos.
O que é que eu espero no final deste mês a (tentar) fazer esta dieta sem açúcar?

1. Não parecer uma galinha careca cheia de nervos
2. Poupar o meu pâncreas
3. Não parecer sempre uma galinha careca cheia de nervos
4. Dormir melhor
5. Ficar muito mais sensual
6. Não parecer em várias alturas do meu dia uma galinha careca cheia de nervos
7. Melhorar a minha performance sexual para níveis bíblicos
8. No final dos 30 dias sem açúcar, ir ao Califa comer duas bolas de Berlim com creme, aos Pasteis de Belém comer meia dúzia de pasteis de nata, à Cappriciosa comer três brownies com gelado de Baunilha, estragar tudo o que fiz nos 30 dias sem açúcar e mesmo assim não parecer uma galinha careca cheia de nervos.

Amanhã conto-vos como correu o segundo dia do mês mais comprido da minha vida.

(entretanto vou perguntar à Dra. Médica Galvão, como é que eu faço na semana que antecede o “feiticeiro”).

(se calhar vou fazer como o Homem Aranha e trepar paredes… se calhar)

(pqp)

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