novembro 05, 2013

Memórias

Ontem, ao terminar de ler o Pacto de Varsóvia, logo após ter completado as minhas anotações na "Vida e obra de Leonid Bresnjev, em 352 tomos", lembrei-me que já tive uma empregada que me comia as bananas todas lá de casa.
Acontece-me muita vez, encontro-me num momento de puro lazer e descontracção e pumba, começo com pensamentos profundos. Uma maçada que só visto.

Mas estava eu a dizer que, certa vez, notei que todas as bananas que comprava lá para casa, desapareciam a uma velocidade fora do normal. A sensação que tinha era a de que teria uma colónia de macacos a viver-me na despensa mas por mais que eu procurasse não encontrava vestígios dos bichos.
Deveriam, pensava eu, ser animais inteligentes, porque, ou comiam as cascas também, ou deitavam-nas para o lixo, despejando-o de seguida para não deixar rasto.

Ora, como à época do BananaGate éramos apenas dois indivíduos caucasianos, por volta dos trintas, sem filhos, possuindo também uma empregada de etnia ucraniana que frequentava as manhãs da casa sita na zona ali de algures atrás de uma pedra, coloquei a hipótese de as bananas ou serem consumidas pelo meu marido ou pela empregada.
Em qualquer dos casos era mau - rezei para que fossem os macacos.

Se fosse o meu marido, ficaria sentida de ele não ter a decência de se acusar perante a minha expressão de desespero e incredulidade sempre que olhava para a fruteira. Se fosse a minha empregada, ainda mais revoltada ficava pela falta de frontalidade da senhora - se queria fruta tinha dito, que lhe pagava em bananas e até me saía mais barato.

Foram várias as noites que me levantei de surra, na tentativa de apanhar o homem agarrado a uma banana e poder exclamar a plenos pulmões: "AHA! Eras tu!" mas de nada valendo a perda de horas de sono porque o homem estava inocente.

Eis senão quando, um dia, qual inspector da judiciária, volto para casa mais cedo, e o que é que eu vejo? A senhora minha empregada a sair de minha casa, de mala aviada, saco do lixo na mão, a comer uma banana com a mão direita e com outra a espreitar da mala!
Ali, naquele momento, não precisei de ver mais nada, estava explicada finalmente a mortandade de bananas que ia naquela casa. Aquela já devia ser a 4ª banana que ela comia só naquela tarde! A mulher já não devia ir à casa de banho há 15 dias!

Nunca lhe disse nada... deixei de comprar bananas e ela acabou por se ir embora, sem uma carta, sem um adeus. Passei a comprar Kiwis e acho que ela não gostou da troca.
A ingratidão destas pessoas... era para o bem dela... tenho a certeza que aquilo estava ali a precisar de um desentupimento de canos e eu só quis encarnar o espírito do canalizador!
Fiquei sem empregada, fiquei sem as bananas e, estou certa, ganhei uma inimiga!


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