novembro 11, 2013

I SURVIVED! (mas foi por pouco)

Afinal a coisa até nem foi assim tão má. Não foi boa, mas não foi o banho de sangue que julguei que fosse acontecer ali naquele cliente.

Uma coisa bateu certo: como disse a responsável lá do sítio "Não se trata de uma população fácil". De facto!

Passemos à cronologia dos eventos:
- 8:30 - a empregada aqui da tasca apresenta-se nas instalações do cliente, envergando apenas um diminuto conjunto de tanga e top leopardesse e calçando umas botas até ao joelho com uns saltos de 30 cm... não, não é verdade... (peço desculpa)
- 8:30 apresento-me nas instalações do cliente depois de deixar 800 euros no parquímetro, uma vez que ia lá passar toda a manhã e parte da tarde (relato igualmente chocante)

- Chego ao local indicado, tento montar o estaminé e já tenho uma fila de fregueses atrás de mim a "aguardar".
Penso para comigo. "Olá!! Temos público!" Naquele momento tive vontade de começar a cantar, e no fim, agradecer emocionada: "Obrigada Coliseeeeeeeeeeeeeuuuuuuuuuu"!!!
Não aconteceu (mas eu gostava).

- Acabo de montar o estaminé e começo a "virar frangos". A primeira coisa que acontece é a chamada "corrida ao brinde". Lá pelo meio fazem umas perguntas para disfarçar, mas ali o objectivo é claramente o brinde, apesar de eu ter tomado banho e estar até bastante jeitosa, se ia para lá à espera de ser notada pelo meu encanto, as canetas de brinde que levei mostraram que não tenho encanto nenhum.

- Reparo que os fregueses se dividem em quatro categorias:
Os simpáticos
Os chatos
Os maus
Os que "sim senhor"
Eu acrescentaria também "os surdos" mas como só apanhei um não sei se dá direito a formar uma categoria.

Os simpáticos perguntam muitas coisas, fazem promessas de que irão assinar por nós, dizem que o nosso serviço é o melhor do mundo, chegam a dizer que não se importariam de ter um filho nosso e depois aproveitam e tiram sete brindes de cada qualidade. Vão-se embora satisfeitos e eu fico com aquela sensação de que não arranjei um cliente mas fiquei ali com um amigo para a vida.

Os chatos, chegam ali e sendo a natureza do serviço que estamos a promover bem clara, eles entendem que querem fazer perguntas sobre um OUTRO serviço totalmente diferente. Mais, aproveitam para "bater no ceguinho" porque não temos uma oferta competitiva no OUTRO tal serviço que nem fomos ali promover e do qual não percebemos nada.
Ouvimos...
Ouvimos...
O ouvido começa a assemelhar-se a um penico e eventualmente acabará por apodrecer e cair caso o freguês não se cale. Normalmente demoram muito a calar-se e é coisa para nos provocar algum sofrimento.

Os maus são aqueles que eu pensei que iria falecer às mãos de um. Os tais que poderiam afiambrar-me uma ou duas bem assentes no lombo e deixarem-me ali a sofrer. Houve poucos, porque se calhar já tinha levado com todos ao telefone nas duas semanas antes de visitar a empresa.

Os que "sim senhor" são clientes que chegam ali, perguntam umas coisas, acham tudo muito bom, tudo muito lindo e já deixam ali a cena toda firmada. Não há cá merdas, não há cá "ah eu quero mas não sei". Chegam ali, despacham a coisa, vão-se embora e não chateiam mais ninguém. Sim Senhor!

Os surdos, são um caso à parte. Na única altura que consegui sair do meu poiso para ir levantar dinheiro e comer uma bucha, percorri para aí uns dois km de corredor à procura de alguém que me desse indicação de uma caixa multibanco dentro das instalações (sim, aquilo é coisa para ser grande). Às tantas, e já quase a desistir vejo uma alma. Dirijo-me a ele e pergunto:
- sabe dizer-me onde posso levantar dinheiro, por favor?
- HÃ??? (encostando o seu ouvido esquerdo à minha boca, boa, o senhor era surdo)
- UMA CAIXA MULTIBANCO?
- VENHA COMIGO

Fui atrás do senhor enquanto tentei manter uma conversação mas nunca obtive resposta, a chamada conversa de surdos, portanto. Ao final de mais uns metros valentes, o senhor deixa-me à porta de uma casa de banho.

Eu agradeço e penso cá para mim que não estava destinado eu levantar dinheiro, nem tão pouco comer uma bucha... mas aliviei a bexiga, pelo menos.

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