novembro 13, 2012

FURIOSA!


Pergunta: O que é que faz uma mãe quando a sua filha de 7 anos lhe diz que, repetidamente, uma das suas colegas lhe bate, lhe grita, lhe dá ordens (do género: “vai deitar o meu copo de iogurte para o lixo”), e é claramente perseguidora?

Resposta: Certifica-se primeiro que a sua filha não faz o mesmo aos seus colegas, nem à menina que lhe faz estas coisas. Depois de se certificar que as agressões são unilaterais, vai falar com a Professora para que o caso seja resolvido em sala de aula (já que se trata de uma colega de turma) e, verificando que se mantêm as agressões, fala com a criança.

E foi o que fiz ontem. Falei com uma menina de 7 anos que tem vindo a aterrorizar a minha filha de 7 anos, sendo que, a minha filha de 7 anos, foi educada para não bater, não gritar, não destratar ninguém, e ser amiga do seu amigo. Como tal, a Luísa tem apanhado e calado. E eu fico FURIOSA! Fico furiosa que a escola não resolva (vulgo a Professora), fico furiosa por a Luísa não se saber defender (vulgo responder na mesma moeda – leva – dá), fico furiosa que tenha que ser eu a falar com a miúda e que tenha visto a minha filha em pânico absoluto quando lhe disse que ia falar com a menina que lhe bate, que lhe grita, que aponta o nome dela em “listas” que ela própria cria com sugestivos nomes, como: “Lista de quem se mete nas conversas”, “Lista de quem se porta mal”, etc.
Listas? Listas? Com 7 anos aponta o nome dos colegas em listas??
Com 7 anos dá ordens aos colegas para que façam coisas que deve ser ela a fazer?
Não! Não se pode deixar passar em branco estas coisas!

Ontem quando cheguei à escola para ir buscar as minhas filhas, a primeira coisa que a Luísa me disse, foi: “Mãe, a xxx deu-me um pontapé no rabo!”
Perguntei-lhe: “E tu o que é que fizeste, Luisinha?”
“Disse-lhe: Oh xxx eu não vou permitir que voltes a fazer isso!”

Claro que fiquei lívida! Qual é a mãe que não fica? Que necessidade há de bater? Quantas alternativas há antes de se chegar à agressão física?  E terá sido uma coisa tão grave o que a Luisinha fez, que merecia logo um pontapé no rabo?
Não, não foi! Claro que não foi! E mesmo que tivesse sido! Eu eduquei a minha filha a não bater, a não ser que alguém lhe bata primeiro e mesmo assim, ela (como pude constatar) não o faz!

Pensamos nós que preferimos pagar (com muito sacrifício, garanto-vos)  um colégio particular para, de alguma forma, garantirmos um ambiente (atrevo-me a dizer) mais “calmo” e “controlado” e ao invés disso temos uma criança apavorada porque há uma menina que não sabe aceitar um não? (ao que parece a Luisinha recusou-se a fazer alguma coisa que esta menina queria, tendo optado por lhe bater).

É isto que recebemos? Então, assim não quero, obrigada!
Não quero!

Hoje, quando a deixei na escola saí de lá com o coração apertado, porque sei que ela hoje vai ouvir coisas do género “És uma queixinhas”, ou “És uma mariquinhas” e a Luísa (que vai ter que aprender com isto, eu sei) vai sentir-se mal e vai acreditar quando ela lhe disser “não sou eu que te bate, é a xxx, só que tu não vês e eu é que fico mal vista”, como aconteceu na primeira vez que lhe bateu e se justificou desta forma.

Ontem, quando falei com a menina em causa, falei com cuidado e empreguei tudo aquilo que sei sobre pedagogia e bom senso. Apesar da minha revolta, nunca me esqueci, no meio deste processo todo, que se trata de uma criança e como tal, merece e merecerá sempre, ser tratada com carinho, mesmo que não trate os outros da mesma forma. Sou uma adulta, e tenho a obrigação moral de perceber que as crianças são por vezes o reflexo daquilo que vêem em casa e se em casa as coisas funcionam mal, então funcionarão mal para elas também.
Falei com ela, não de forma intimidatória, pelo contrário, falei com ela de forma conciliadora e (tentei) de forma construtiva e pedagógica.

Espero que as coisas apazigúem e que os episódios de agressões parem de uma vez. Não há nada que magoe mais uma mãe do que ver os seus filhos ser mal tratados ou tratados com injustiça, quando eles não o fazem com ninguém.

Na vida há que relativizar, mas há coisas que não relativizo e o bem estar e a felicidade das minhas filhas são , sem qualquer dúvida, duas das coisas em que a palavra relativizar não entra.

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