agosto 12, 2011

A Família é uma cena lixada!
Há um dizer popular que diz: “Ao invés dos amigos, que se escolhem, a família não se escolhe”.
E de facto, nós já nascemos com essa “herança”. Para o bem e para o mal, nascemos filhos, netos, sobrinhos, às vezes irmãos, de alguém que já cá estava antes e que nos recebe no seio de um grupo já existente.
E depois dá-se um de dois fenómenos: either you fit in, or you don’t!
E o fenómeno de nos “encaixarmos” bem com a nossa família (sobretudo pais e irmãos) é algo que não tem absolutamente nada de objectivo. Tudo aqui é subjectivo e dependente daquilo que fazemos e naquilo que nos tornamos ao longo dos anos, muito fruto daquilo que experienciamos durante a nossa infância, adolescência, e finalmente, idade adulta.
Se nos encaixarmos e até formos pessoas pacíficas, que aceitamos tudo pacificamente, não muito preocupadas com o que vamos observando e nos parece injusto, bom ou mau, deixando passar indícios, situações que nos causam sofrimento, injustiças, as coisas tendem a funcionar muito bem e tudo corre lindamente. Se, ao contrário, nascermos com algo no código genético que nos define como pessoas mais sensíveis que o normal, porventura mais observadoras que o normal, ou carentes e sem capacidade de deixar passar impune injustiças, a coisa tende a correr muito mal.
Então, se a família se começa a aperceber que está ali uma pessoa com essas características, e como essas coisas, às vezes chateiam, aquele membro da família que parece assim um bocadinho “diferente” e “paranóico” é tratado de forma diferente e assim o vai ser pelo resto da sua vida.
E então, esse membro da família, começa a ficar com ressentimentos e para esse membro da família, a família será sempre importante mas sempre também fonte de ressentimento.
Existe famílias afectuosas e as menos afectuosas. Há as que não são “consistentes” nos seus afectos, e isso é fodido – um dia adoram, para no dia seguinte, e caso se ponha (segundo a sua perspectiva das coisas) a “pata na poça”, a coisa pode ficar feia e não se coíbem de o mostrar da pior maneira possível.
Gosta-se sempre da família, acho que não se é feliz se eles não forem felizes e se não estiverem bem, desejamos-lhes sempre o melhor do mundo, mas quando as desilusões e as situações más estão a par do que de bom se passou, pode ser chato...
Todos nós temos as nossas vicissitudes, os nossos traços de personalidade, os nossos defeitos, as nossas virtudes, no fundo, aquilo que nos distingue uns dos outros. O segredo está em saber aceitar em nós e nos outros que nem todos somos verdes ou encarnados, que há pessoas que são, “esverdeadas” ou “avermelhadas” e que devemos respeitá-las e amá-las como se de uma pessoa verde ou vermelha se tratasse.
Há quem nasça “diferente”. É importante que, quando isso acontece, nos vejamos desta maneira não de forma estranha mas de forma “assumida”. Não precisamos todos ser pessoas “simples” e certinhas, não precisamos pertencer à carneirada para estar tudo bem. Quando somos diferentes e se isto representa uma maçada para a família, que não está para aturar as merdas destas pessoas, então estamos perante um grande "temos pena" e não nos devemos anular por isso.
Há pessoas que tudo o que se passa à volta delas as afecta em dobro do que afecta uma pessoa normal. Pessoas de extremos, são-no assim uma vida inteira. Observam e tiram daí as suas conclusões e muito dificilmente algo lhes passa ao lado. Não sendo foras de série,  conseguem apanhar inconsistências e falhas de carácter, a milhas de distância e com apenas um levíssimo indício. Indignam-se com injustiças, em todos os quadrantes da vida mas acima de tudo no campo dos afectos. Não suportam pessoas que não amem até à inconsciência os seus filhos e netos, e o simples "apregoamento" disso as deixa nervosas, sobretudo quando as suas atitudes em nada reflectem as suas palavras. 
Há quem odeie palavras e afirmações ocas de sentido e pessoas que sentem necessidade de apregoar sentimentos para “ficar bem na fotografia”, pessoas que não sabem “gostar”, ou que gostam “assim assim”, quando lhes convém e que, acima de tudo, NUNCA se afastam do seu caminho para apoiar ou dar um pouco de atenção a quem elas sabem que gosta da sua atenção, pessoas que não sabem distribuir o seu amor por igual, principalmente pelos filhos e pelos netos.
Enfim, nesta vida há de tudo, vemos o bem, o mal e o mais ou menos... resta-nos continuar a viver e a tentar fazer a diferença. Eu todos os dias tento e tu?

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