agosto 19, 2011

Filhos

Li hoje neste blog ,que adoro, um post sobre filhos… bom, na realidade são dois posts sobre filhos mas o  último foi mesmo o “golpe de misericórdia”. E digo golpe de misericórdia, não porque não tivesse gostado mas porque, num dos parágrafos me revi completamente. Estava a ler, e a cada palavra que se seguia eu estava ali retratada, em cada vírgula, em cada acento, em cada espaço…
Desde que nasceu a minha 1ª filha que optei, por falta de opções mas também por escolha própria, não a deixar com ninguém (vulgo avós). Quando tinha 4 meses e acabou a minha licença de maternidade (isto foi há 6 anos, não havia cá essas modernices de licença paterna), ela ficou numa creche ao pé de casa enquanto eu vinha trabalhar (curiosamente também no escritório que fica ao pé de casa). Não havia disponibilidade por parte dos meus pais ou sogros para ficar com ela.
A coisa correu mal na creche e decidimos, eu e o meu marido, tirá-la da creche e contratar alguém que ficasse com ela em casa. Não foi um processo fácil. Antes de mais demora-se muito a encontrar “a pessoa”, ou pelo menos alguém em quem possamos confiar a nossa criança, e depois, sobretudo quando falamos de alguém como “moi même”, super stressadinha e intensa com tudo, foi muito complicado vir trabalhar e deixar a cria em casa, mais ainda quando se metiam aquelas coisas de crianças – bronquiolites, conjuntivites, amigdalites, gastroenterites (muitas) e outros bichos acabados em “ites” - pelo meio, tornando a tarefa de vir trabalhar, penosa, isto para usar uma palavra levezinha.
Deste molho de brócolos resultaram duas coisas:  
1º - Devido à falta de apoio que tivemos nos 1ºs tempos por  parte da nossa família (não havia ninguém que nos pudesse ficar com a pequenita em situações de aperto) fomo-nos habituando a ser “auto-suficientes” e a colmatar eventuais situações de aperto, apenas e exclusivamente entre nós os dois
2º - Como as coisas não foram fáceis criámos as nossas rotinas que nos ajudavam a aligeirar os maus momentos (e sobretudo, ajudavam a que as situações de aperto acontecessem menos frequentemente) e que, como acontece com as crianças, essas rotinas traziam-nos segurança e um sentimento de que estávamos a fazer as coisas bem.
Assim sendo, tudo o que fugisse daquilo que nos habituámos a fazer no que diz respeito à educação e cuidados que tínhamos com a Luísa, nos parecia não mal, mas… menos bem,  digamos assim, e preferimos sempre sermos nós a fazer, ao invés de ficarmos angustiados por entregar a pequenita aos cuidados de quem nós não confiávamos a 100%.

Para além disto, e mais importante ainda, nós sempre adorámos estar com a nossa filhota e sempre retirámos daí intenso e verdadeiro prazer. O que, nos dias que correm hoje é algo que escasseia. Mas isso é tema para fazer um post inteiro, pelo que não vamos entrar por aí agora.
Voltando ao inicio deste post, quando leio no blog do “Arrumadinho” este parágrafo:
“…é importante haver alguém por perto que nos possa segurar as pontas por uma manhã, uma tarde, uma noite, um fim-de-semana, para que o casal possa sair das rotinas normais, esquecer as fraldas, ir ao ginásio, ir passear, ao cinema, jantar fora, sair com amigos, no fundo, para que os pais deixem um bocadinho de ser pais durante aquelas horas, ou aqueles dias, e voltem a ser um casal, voltem a fazer coisas normais e que lhes dão verdadeiro prazer.
O problema é que para muitos pais recentes fazer isto é quase um crime. Acham que não têm de sobrecarregar os outros com obrigações que são deles, têm medo que os avós não saibam cuidar deles se acontecer alguma coisa, têm medo que a tia não saiba mudar a fralda ou que lhe dê a sopa muito quente, têm medo que a amiga que até tem dois filhos deixe cair o bebé pelas escadas abaixo, têm medo que o cão dos primos ataque a criança, enfim, tudo serve para que prefiram ficar sempre com a criança, e nunca a deixem com ninguém. O resultado disso está no post anterior.
Acho que ser descontraído em algumas coisas pode fazer de nós melhores pais. A obsessão, seja lá de que forma forma, é sempre prejudicial.
E o caso dos filhos não é excepção.
realizo que, eu estou ali naquele parágrafo (e tu também S) e realizo também que, para o Arrumadinho ter escrito este parágrafo é porque todas estas coisas são verdades para muitos pais e mães, realizo que não estou sozinha ou sequer errada, simplesmente estou dentro desta categoria que, de facto, acha que ninguém trata melhor os seus filhos que os seus pais.
Claro que também gosto de ter tempo para mim, claro que sim, quem não gosta? Sinto é que ainda não cheguei ao ponto que espero chegar um dia e que é gostar de ter tempo para mim e sentir-me bem com isso, ou seja, não sentir a falta das minhas pequenitas.
Quem me estiver a ler (felizmente que são poucos) devem pensar que sou louca de pedra, mas nós também somos aquilo que a vida e as circunstâncias nos tornam, e, verdade seja dita, desde o nascimento da nossa filha mais velha que sempre nos tivemos de "virar" sozinhos. Muitas vezes tivemos situações de aperto, e, mal ou bem, tivemos de nos desenrascar... bom, nada de queixumes, ser pais é isto mesmo, não podemos estar à espera de ter alguém à disposição quando precisamos. Não aconteceu, não vamos agora chorar sobre o leite derramado.
E verdade seja dita, temos duas meninas LINDAS, alegres, cheias de energia positiva, hiper inteligentes e, acima de tudo, felizes, para provar que, talvez, não estejamos tão errados assim.

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