Esta semana, derivado de, não uma, mas duas maleitas que
me andam a apoquentar (ou por outras palavras, PDI) tive que ir às urgências; e
aconteceu o quê? Aconteceu um filme, foi isso que aconteceu.
Ora bem, ir às Urgências é logo meio caminho andado para
não ser uma cena, vá… fixe, digamos assim, mas a coisa até pode nem ser assim
tão má, depende um pouco da Instituição , digo eu que não percebo nada de horta. Mas adiante.
Só para vos dizer, meus amigos, que estive lá não duas, nem três, mas 4 horas! QUATRO HORAS! E porquê?
Por isto:
9:30 – Apresento-me nas Urgência do Hospital, faço a
minha admissão e passado 10 minutos sou chamada à triagem. Ok, bom ritmo, o
hospital apresentava poucas pessoas para a urgência, a coisa prometia.
Queixo-me de dores fortes de estômago e de uma dor no peito que já se arrasta
há bem mais de um mês. Sim, eu sei, são duas queixas diferentes mas já que lá
ia, mais valia queixar.me das duas coisas, embora já tivesse feito um Raio X
para despistar as causas da dor no peito mas sei lá, podia haver algo mais a fazer,
porque o que é certo é que a dor me incomoda e muito e eu não nasci para sofrer.
O enfermeiro mede-me a temperatura, mete-me uma cena no
dedo para verificar a respiração, por causa da dor no peito e está tudo bem –
nem febre, nem dificuldades de respiração. Toma lá uma pulseira verde!
Ora bem, a pulseira verde é o equivalente ao irmão do
meio – NO ONE CARES!!!
Assim que vejo o homem sacar da pulseira verde pensei
logo: “uuuuiiiii, parece-me que há aqui uma grande probabilidade de eu festejar
aqui o meu 100º aniversário…” mas como estava pouca gente, achei que podia não
ser assim tão mau.
Enganei-me claro! Passei para a sala de espera intermédia
e ali fiquei à espera que me chamassem para a consulta. Esperei, esperei,
esperei, esperei e esperei. Entrou o marreco, entrou o coxo, entrou o anão,
entrou o caixote do lixo e a Cristininha entrar, tá quieto. Às tantas, e depois
de ver todos os da pulseira amarela entrarem à minha frente, às 10:45, vejo o
meu número aparecer no visor. Lá descolo o rabo da cadeira e vou para o
Gabinete 6. Ao entrar o médico olha para mim e diz-me. “Já nos conhecemos?” e
eu, que nunca tinha visto o homem na minha vida, juro que tive a tentação de
lhe responder que sim, CLARO, ou chamá-lo de tio, ou algo assim, qualquer coisa
que me garantisse que me iam despachar mais rápido apesar da minha desgraçada
pulseira verde. Mas como possuo princípios, disse-lhe que não, com um sorriso
amarelo.
Lá me queixei das minhas maleitas, ele fez lá o papel
dele, muito simpático, devo dizer, e mandou-me fazer análises e mais um Raio X
ao tórax.
Voltei à sala de espera e, lá está, esperei.
Esperei e esperei e esperei e esperei. Eu e a minha
pulseira verde.
12:00 – Sou chamada à sala de tratamentos para fazer
análises. Sento-me numa poltrona e ouço uma enfermeira, que tinha aspecto de
quem já mandava ali no pedaço, dizer para uma outra enfermeira. “prepara-te que
vais tirar sangue a esta menina”.
Eu afundada na poltrona, levanto os olhos e vejo uma
enfermeira de ar assustado mas a sorrir (são as piores) a dirigir-se a mim.
Nisto, a enfermeira chefe diz-lhe: “Senta-te para ficares
mais confortável”. E eu que já adoro tirar sangue, é uma coisa que, quando não
tenho nada que fazer, gosto que me façam, pensei: “Pronto, f#$%& para mim!
Vão pôr a miúda que acabou o curso de enfermagem há 5 minutos a tirar-me sangue
e a colocar o cateter que é outra coisa pela qual eu tenho particular estima:
tirarem o sangue e deixarem lá o cateter, é realmente muito agradável”.
Levanto a manguinha para deixar a minha rica veia à mercê
da rookie lá do sítio, que se põe a apalpar-me a veia. Nisto a "chefa" diz-lhe
“escusas de apalpar a veia, estás com sorte isso é quase uma canalização.”
PIMBA! Cristina Rafael a facilitar a vida às enfermeiras bebé, desde 1972.
Depois é história. Não correu muito mal, pese embora a
miúda estivesse visivelmente nervosa, (juro que vi pingos de suor a escorrerem
pela testa) e as mãos a tremer. Não espetou muito bem a agulha e o sangue
começou a sair para o sítio errado, o que fez parecer que tinha acontecido ali
todo um acidente de mota. Mas não doeu, a pequena foi super cuidadosa e quando
ganhar experiência vai ser uma enfermeira top, tenho a certeza! Não vai é ter a
sorte de apanhar sempre estas veias sensuais desta menina, mas pronto, não se
pode ter tudo.
Feita a colheita de sangue, passei para onde? Para a Disneylandia, não, mentira, para a sala
de espera.
Sentei-me na cadeira em frente ao visor das senhas para
ver se chegava a minha vez mais depressa (e também porque possuo miopia),
quando entra na sala mais uma pulseira amarela acompanhada do filho. Sentam-se
nas cadeiras atrás de mim e o que é que sucede? Invadem a minha bolha! Ou seja,
eu estou sentada, direita, porque, vamos lá a ver, há que haver alguma
compostura, e estas pessoas sentam-se e encostam-se a mim! Ou seja, ocupam o
seu espaço e o MEU espaço! E acham que está tudo bem, tá fixe assim! Sujeita,
inclusive a apanhar piolhos, mas tá tuuuudo bem! Resultado, tenho que me
“desencostar” porque suas excelências acham que a sua cadeira não é suficiente
e que as minhas costas são bem melhores que o encosto da sua cadeira!
Nesta altura eu já estou a deitar fumo por todos os
orifícios que tenho no corpo, (sim, por esse também) e levanto-me disposta a ir
correr para os corredores do Hospital, toda nua com um cutelo na mão que nem
uma louca assassina. Sou salva pelo gongo, por uma enfermeira espanhola que
chama pelo meu nome, na versão castelhana da coisa, para ir para o raio x.
Entro na sala do Raio X e a Técnica manda-me entrar na
salinha 2, despir da cintura para cima e vestir a bata. Dirijo-me à sala dois,
abro a porta e quase mato o idoso que lá estava a acabar de se vestir do
coração. A Técnica, atrapalhada, pede desculpa ao idoso, pede desculpa a mim e
manda-me para a sala 3. E eu, tudo bem, já nada me pode afectar, a mim ou à
minha pulseira verde.
Faço o raio x e dirijo-me para a minha segunda casa, a
sala de espera, sento o fofo numa cadeira encostada à parede, porém, longe do
visor das senhas.
13:20: Sou FINALMENTE chamada à Sala 6 para receber o
diagnóstico. Está tudo bem, com excepção de uma gastrite e uma fissura na
costela (a versão mariquinhas da costela partida). Para além disto, contraí também nestas 4 horas de espera o vírus da
pulseira verde, que provoca nervos e estado de irritabilidade acentuados. Pode
também dar para sair do Hospital com o cateter enfiado na veia e só voltar
atrás quando já arrotámos 90 biscas, no check out e estamos a estacionar a
viatura na garagem da empresa, de onde estivemos ausentes A MANHÃ INTEIRA.
E
depois disto tudo, estou aqui a escrever-vos este relato, quando recebo este
email:
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