Só vos digo uma coisa: “ele” há
dias felizes, pá!
Andava eu na minha vidinha e TAU,
dou de caras com alguém que foi de fim de semana numa carrinha pão de forma
muita gira e que correu uma data de praias sempre naquele espírito surfista,
do: tenho todo o
tempo do mundo, não tenho horas para nada, e ando aqui nesta casa sobre rodas
que me leva para onde eu quero e posso adormecer e acordar na praia e como se me
apetecer comer e durmo com o corpo cheio de sal porque no dia seguinte vou mergulhar
outra vez no mar de uma praia diferente e mais gira e vejo os por do sol mais
espectaculares desta vida, lá mesmo onde eles são mais espectaculares e levanto-me
de manhã, abro a porta da carrinha e … WOW!!! o mar ali mesmo lindo, mansinho,
com ondinhas a rebentar e a afugentar as milhentas gaivotas que estão à beira mar,
o sol a nascer e a aquecer os nossos braços, os nossos ombros, as nossas pernas.
Estico-me ao sol em praias desertas (si bobear, descasco-me toda), paro
em miradouros só a respirar aquele ar que só se respira nos miradouros e fazemos Km esquecidos por essas estradas fora … e… epá… que maravilha!!
Pois foi isso mesmo que eu e o
homem fizemos. Há dois meses atrás, encontrei esta empresa que aluga
umas carrinhas pão de forma LINDAS, retro, muitíssimo bem recuperadas,
confortáveis q.b e com uma personalidade daquelas que arrasam corações.
Ora, eu não sei se quem aqui vem
me conhece bem ou mal, mas para aqueles que não me conhecem bem, ficais
a saber que esta menina VI-VE para experimentar coisas diferentes.
Neste espírito, aproveitei que estava próxima a
data de eu e o homem celebrarmos “A Dúzia” e reservei uma destas carrinhas – a Stacey!
Até chegar o dia andei a fazer
mil planos, mil itinerários, pensei em milhentas coisas que queria fazer,
afinal de contas nunca tínhamos feito nada igual e comigo é assim: é aproveitar
até ao tutano ou então não vale a pena!
Quando chegou o dia, digo-vos uma
coisa, os planos foram todos pelo cano. Quais planos, qual carapuça? o giro da
coisa é ir decidindo à medida que vamos andando. Logo assim que pus o pé dentro
da Stacey, percebi que aquilo era amor à primeira vista! O homem apanhou logo
uma crise de nervos na primeira iteração com a bicha. As mudanças só entravam
à lei da porra, o volante era do tamanho de um autocarro da carris, a direcção pesada como o raio, o
ponto de embraiagem não era coisa para meninos e os limpa para-brisas não
funcionavam, o que, tendo em conta a previsão meteorológica para aquele fim de
semana, nos pareceu, no mínimo, assustador.
Íamos, no entanto, com um truque
na manga, dado pelo Manel da Surfin Portugal: uma batata cortada ao meio para esfregar nos vidros!
Não chegámos a experimentar, fez um tempo ma-ra-vi-lho-so!!!! A batata voltou
para casa, sã e salva e está neste momento em recuperação de uma depressão
nervosa.
Começámos a nossa viagem a rir! A
rir mesmo muito, a sério! Era nervoso misturado com excitação, porque nós sabíamos
que aquilo ou ia dar molho ou ia ser muita giro. E foi MUITA GIRO!
Lá fomos nós então, estrada fora,
iPod ligado ao rádio retro digital da Stacey (pensam o quê, a Stacey já tem 54
anos mas é uma miúda muito moderna) e a condução começou a ficar cada vez mais
fácil, à medida que nos íamos habituando às manhas da Stacey. First stop: Comporta para almoçar n’A Escola.
A seguir ao almoço peguei eu nos
comandos da nossa pão de forma, abri os vidros da frente e lá fui eu a
conduzir. A sensação de conduzir sem a parte da frente é bom para que
consigamos entender a vida dura dos pára-brisas. Há todo um universo de
piquenos insectos que, felizmente, pareceram estar todos de folga no tempo em
que eu conduzi. Ou isso ou acharam que esborrachar-se contra bochechas não dava
o mesmo frisson de um bom esborrachanço no vidro.
Depois rumámos a S.Torpes e lá
estacionámos. Contrariamente às previsões meteorológicas, esteve um dia
maravilhoso. Deu para estar na praia até às sete e tal, tirar milhares de fotos
e aproveitar uma praia deserta muito bonita.
Bom, eu podia estar aqui para
sempre a descrever todos os pormenores. Os restaurantes maravilhosos a que
fomos, o bem que comemos, as praias lindíssimas que vimos, as pessoas todas que passavam pela
nossa Stacey e acenavam, apitavam, tiravam fotos, espreitavam lá para dentro, e,
no fundo os bons momentos que passámos os dois nesta aventura e foram muitos,
foram mesmo mas em vez disso, deixo aqui umas imagens que falam por si.
Gostei mesmo, mesmo, mesmo muito
desta aventura. Tudo o que fuja da normalidade, para mim, vale ouro. Só andamos
por cá a passear durante o tempo que nos deixarem, não mandamos em nada, por
isso, enquanto nos dão esta benesse, toca a gozar a vidinha.
(esta foi profunda. que não se
repita muitas vezes estes pensamentos profundos aqui na taberna, ok?)
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