
É uma coisa que passa muito desapercebida, muito leve, quase imperceptível eu diria, mas que, quando acontece, incomoda. Incomoda e mói, vá...
Esta minha característica, que reforço, é muito ténue, já foi responsável por vários episódios que só não relatei aqui porque sempre achei de pouca relevância. É que sair de casa para ir aos Pasteis de Belém e ir parar ao Seixal, ou rumar a Campo de Ourique e ter que dar a volta em Almada, parecem-me situações per-fei-ta-mente normais!
O que sucede é que eu gosto da Ponte 25 de Abril. Gosto da ponte e gosto daquela sensação de me meter numa estrada por engano, ou por completa falta de sentido de orientação e um talento inigualável para me meter por onde não devo, ver a placa "Início de Concessão" e perceber que já não há volta a dar (literalmente).
Eu devo dizer que já foi mais emocionante do que é nos dias de hoje, derivado do facto de a coisa se ter vindo a repetir algumas vezes nos últimos tempos e de eu já estar, de alguma forma, calejada.
Ontem foi dia de mais uma vez atravessar a ponte sem necessariamente querer atravessá-la. O que é que foi diferente ontem? Consegui dar a volta logo em Almada, em vez de ir até ao Seixal, o que constitui uma melhoria significativa.
Também já não me enervo tanto. Lembro-me de alturas em que quase não conseguia ver a estrada derivado de vir a chorar que nem uma bezerra desmamada, a pensar que nunca mais ia ver o meu marido e as minhas filhas. Hoje, a coisa já se processa de forma diferente, uma pessoa habitua-se, vamos lá a ver, e é tudo uma questão de perspectiva. É quase como aquele sujeito da anedota que foi ao médico porque tinha problemas intestinais, fazendo com que estivesse constantemente agarrado à sanita. Depois de medicado para a soltura de ventre, quando voltou à consulta de seguimento, o médico perguntou-lhe: "Então Sr. Alberto, está melhor?", ao que ele responde: "Olhe sotôr, eu cagar, continuo a cagar-me mas só que agora já não me sinto".
E é isto...
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