Este Domingo, de
preguiça em casa, porque lá fora o tempo não estava para brincadeiras,
lembrei-me de mais um episódio da minha infância.
Quando era miúda,
ao contrário do que acontece hoje em dia (acho que há muitos pais que se vão
benzer 10 vezes quando lerem o que vem a seguir, eu própria me benzo) ficava
sozinha em casa, enquanto os meus pais iam trabalhar. Sim, ficava! E desde
muito cedo, devo dizer. Umas vezes ficava com as minhas irmãs, outras vezes
sozinha, e a coisa correu sempre bem, ou menos mal, vá...
Digo que a coisa
correu sempre bem, porque passados trinta e tal anos, eu cá estou ainda a pisar
o globo terrestre, não faleci, não fiquei sem uma perna e embora tenha batido
com a cabeça algumas vezes (o que explica muita coisa), e de ter dado uns valentes golos no vinho do Porto que o Rafael
guardava na cristaleira (supostamente fora do alcance das miúdas), eu cá ando,
e até (pasme-se), chego a dizer “dois popós”.
Isto tudo para
vos contar que este fim de semana me lembrei de um dos episódios mais caricatos
da minha infância.
Estava eu sozinha em casa, a fazer uma papinha de banana com bolacha Maria (so
eighties, my God) com a varinha mágica e lembrei-me de, no fim, para evitar
desperdícios, que a Maria Teresa e o Rafael sempre ensinaram as filhas que no
poupar é que está o ganho, tive a brilhante ideia de pôr a língua directamente
lá no sítio onde, por acaso, existe uma lâmina (a tal que tritura),
com a varinha mágica a trabalhar... como é óbvio!!
Ora, sendo a
língua um pedaço de carne e tendo a varinha mágica uma lâmina que corta (a sério??), acho que dá para imaginar o resultado da façanha!
Ora vamos lá a
ver, o meu raciocínio até estava correcto: 'pra já, não meti lá as mãos que não
se mete as mãos na comida, essa é logo a primeira, e depois, já que o destino
da papinha era a minha boca mesmo, para quê estar com intermediários lá pelo
meio? Óbvio!
Bom, apesar de a
Cristina de 10, 11 anos estar coberta de razão em pôr a língua na lâmina de uma
varinha mágica, a trabalhar, a coisa não correu bem.
Mas!! E só quem
viveu nos anos 70 / 80 é que vai perceber isto (os outros, os mariquinhas que
já nasceram nos 90’s ainda se devem estar a benzer) não foi tragédia nenhuma!
Primeiro, fui logo a correr para a porta da rua, com a língua de fora a jorrar
sangue (e se aquilo deitava sangue) e metade do prédio veio à porta. Não deram
grande ajuda, é certo, mas gritaram
todos muito, o que fez com que, pelo menos, me sentisse acompanhada, segundo, já
nem me lembro como é que a coisa se resolveu, o que é bom, porque se tivesse
sido uma coisa traumática, eu iria lembrar-me com toda a certeza! Terceiro,
ninguém se chibou à minha mãe, acho até que passado meia hora já ninguém se
lembrava que a Cristina tinha espetado a língua na varinha mágica... afinal de
contas, a Cristina, não há muito tempo, se tinha espalhado toda na bicicleta,
partindo os dois dentes da frente e estava ali rija...
Nada de novo,
portanto.
Este Domingo, de
preguiça em casa, porque lá fora o tempo não estava para brincadeiras,
lembrei-me de mais um episódio da minha infância... e lembrei-me porque, mais
uma vez, meti a língua na lâmina da varinha mágica (como faço SEMPRE)...
Só que estas “lâminas”
das varinhas mágicas modernas já não cortam como cortavam as lâminas das
varinhas dos anos oitenta...
Naquilo que nos tornámos... MARIQUINHAS!!!
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