dezembro 17, 2012

Há coisas que não mudam...


Este Domingo, de preguiça em casa, porque lá fora o tempo não estava para brincadeiras, lembrei-me de mais um episódio da minha infância.

Quando era miúda, ao contrário do que acontece hoje em dia (acho que há muitos pais que se vão benzer 10 vezes quando lerem o que vem a seguir, eu própria me benzo) ficava sozinha em casa, enquanto os meus pais iam trabalhar. Sim, ficava! E desde muito cedo, devo dizer. Umas vezes ficava com as minhas irmãs, outras vezes sozinha, e a coisa correu sempre bem, ou menos mal, vá...
Digo que a coisa correu sempre bem, porque passados trinta e tal anos, eu cá estou ainda a pisar o globo terrestre, não faleci, não fiquei sem uma perna e embora tenha batido com a cabeça algumas vezes (o que explica muita coisa), e de ter dado uns valentes golos no vinho do Porto que o Rafael guardava na cristaleira (supostamente fora do alcance das miúdas), eu cá ando, e até (pasme-se), chego a dizer “dois popós”.

Isto tudo para vos contar que este fim de semana me lembrei de um dos episódios mais caricatos da minha infância.

Estava eu sozinha em casa, a fazer uma papinha de banana com bolacha Maria (so eighties, my God) com a varinha mágica e lembrei-me de, no fim, para evitar desperdícios, que a Maria Teresa e o Rafael sempre ensinaram as filhas que no poupar é que está o ganho, tive a brilhante ideia de pôr a língua directamente lá no sítio onde, por acaso, existe uma lâmina (a tal que tritura), com a varinha mágica a trabalhar... como é óbvio!!

Ora, sendo a língua um pedaço de carne e tendo a varinha mágica uma lâmina que corta (a sério??), acho que dá para imaginar o resultado da façanha!
Ora vamos lá a ver, o meu raciocínio até estava correcto: 'pra já, não meti lá as mãos que não se mete as mãos na comida, essa é logo a primeira, e depois, já que o destino da papinha era a minha boca mesmo, para quê estar com intermediários lá pelo meio? Óbvio!

Bom, apesar de a Cristina de 10, 11 anos estar coberta de razão em pôr a língua na lâmina de uma varinha mágica, a trabalhar, a coisa não correu bem.
Mas!! E só quem viveu nos anos 70 / 80 é que vai perceber isto (os outros, os mariquinhas que já nasceram nos 90’s ainda se devem estar a benzer) não foi tragédia nenhuma! Primeiro, fui logo a correr para a porta da rua, com a língua de fora a jorrar sangue (e se aquilo deitava sangue) e metade do prédio veio à porta. Não deram grande ajuda, é certo,  mas gritaram todos muito, o que fez com que, pelo menos, me sentisse acompanhada, segundo, já nem me lembro como é que a coisa se resolveu, o que é bom, porque se tivesse sido uma coisa traumática, eu iria lembrar-me com toda a certeza! Terceiro, ninguém se chibou à minha mãe, acho até que passado meia hora já ninguém se lembrava que a Cristina tinha espetado a língua na varinha mágica... afinal de contas, a Cristina, não há muito tempo, se tinha espalhado toda na bicicleta, partindo os dois dentes da frente e estava ali rija...
Nada de novo, portanto.

Este Domingo, de preguiça em casa, porque lá fora o tempo não estava para brincadeiras, lembrei-me de mais um episódio da minha infância... e lembrei-me porque, mais uma vez, meti a língua na lâmina da varinha mágica (como faço SEMPRE)...
Só que estas “lâminas” das varinhas mágicas modernas já não cortam como cortavam as lâminas das varinhas dos anos oitenta... 

Naquilo que nos tornámos... MARIQUINHAS!!!

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